Dia da Consciência Negra
O Dia da Consciência Negra existe para refletirmos sobre a luta contra o racismo e a desigualdade que presenciamos no Brasil. Hoje 54% da sua população é autodeclarada negra, segundo dados do IBGE, mas ainda há uma disparidade de acesso à educação formal e consequentemente da ocupação de pessoas negras em cargos de decisão nas empresas.
Em nossa indústria de jogos isso não seria diferente. Segundo o 2º Censo da Indústria Brasileira de Jogos Digitais de 2018 apenas 10% dos sócios e funcionários de estúdio de jogos se autodeclararam afrodescendentes. E por que isso acontece?
As áreas de tecnologia são áreas caras, principalmente no Brasil. Temos diferenças drásticas em quem tem acesso às tecnologias, à equipamentos e à internet de boa qualidade, e em quem não tem. Esse acesso aos meios de produção é um dos grandes fatores que afastam as pessoas, principalmente a população negra, desses espaços.
Hoje já vemos uma mudança ocorrendo, principalmente quando falamos de acesso e democratização que os jogos mobile trouxeram à nossa sociedade. A Pesquisa Game Brasil deste ano, a PGB 2021, mostrou que 50,3% dos jogadores do país se declaram pretos ou pardos, e 41,6% preferem jogar em seus smartphones. Jogos como Free Fire, com gráficos mais simples e que rodam em celulares menos potentes, contribuíram para a democratização de um entretenimento que antes ficava restrito a computadores ou consoles caros que poucas pessoas em nosso país têm acesso.
Existem grupos que também lutam para democratizar a cultura pop e aumentar a visibilidade ao público da periferia no país, como a PerifaCon e PerifaGamer e outras iniciativas como o PretaLab e a AfroPython abrem oportunidade de inclusão e ascensão profissional, e geram empoderamento de pessoas negras na área de tecnologia. Essas organizações lutam para que haja uma mudança de comportamento, da sociedade e das empresas, e que sejam criadas oportunidades para a população negra e periférica.
A representatividade significa muito mais do que falar sobre personagens negros dentro dos jogos, ela também precisa falar sobre oportunidades às pessoas negras de ocuparem cargos de desenvolvedores. Apenas com a construção de estúdios com equipes diversas, que possuem indivíduos com diferentes percepções de mundo, será possível criar narrativas e representações complexas e positivas nos jogos, além de mostrar que todos podem, e devem, ocupar esses espaços.